Três dias depois de ser personagem principal de uma reportagem da Rede Globo que apontou irregularidades no recente processo eleitoral da Federação Paraibana de Futebol (FPF), a presidente da entidade, Michelle Ramalho, teve seu primeiro contato com a imprensa.
Foi nesta quarta-feira (26), na sede FPF, em João Pessoa, após reunião com representantes dos clubes do Paraibano 2019 e com o procurador Valberto Lira, coordenador da Comissão Permanente de Prevenção e Combate à Violência nos Estádios do Ministério Público.
A pauta principal do encontro, como sempre, seria a “novela” sobre a situação das praças esportivas da Paraíba, mas a dirigente aproveitou a oportunidade para tentar agir em relação às irregularidades das quais é acusada.
Foto: Lucas Barros / TV Cabo Branco
Suspeita de ter sido eleita em um pleito fraudado, com suposto apoio da CBF e do STJD, Michele revelou que criou uma comissão de clubes para analisar a documentação do processo eleitoral realizado em setembro.
A cartola sugeriu, ainda, dois pontos: que a comissão fosse formada por clubes que não votaram nela no último pleito e que tivesse em sua composição um representante do Ministério Público.
Dessa maneira, ficou definido que dirigentes de Botafogo-PB, Campinense, Esporte de Patos, Perilima e Sousa vão fazer essa espécie de auditoria.
– Hoje foi pauta da reunião também a questão da eleição. Foi criada uma comissão, e eu pedi que preferencialmente aqueles que não votaram em mim analisem todas documentações de todos os clubes que fizeram parte do pleito eleitoral. Chamei o Ministério Público também para fazer um termo de cooperação com a FPF para mostrar a lisura e toda a transparência, que sempre serão marcas de minha gestão – explicou ao Globoesporte.
O representante do Ministério Público, Valberto Lira, elogiou a iniciativa da dirigente e disse que em breve o órgão deve indicar alguém para acompanhar o andamento das análises da comissão formada por alguns filiados da FPF.
– A Federação está enviando ao procurador-geral de Justiça o pedido de designação de um membro do Ministério Público para acompanhar os trabalhos de uma comissão que foi formada dentro da FPF, constituída por clubes que não votaram na presidente. Ele vai analisar o pedido e deve designar um membro acompanhar a comissão – disse Valberto.
A eleição
Michelle Ramalho foi eleita no dia 29 de setembro em uma eleição bastante apertada, numa disputa contra o também advogado e ex-diretor executivo da entidade, Eduardo Araújo. O pleito terminou empatado em 25 a 25 no “primeiro turno”.
Por conta do empate, uma nova votação teve que ser feita e, então, Michelle venceu a eleição por 26 e 24. Meses depois da vitória, ex-funcionários e dirigentes de clubes acusam o interventor da FPF à época, João Bosco Luz, de ter manipulado a eleição para beneficiar a então colega de Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
As denúncias envolvem fraudes nos registros de clubes e ligas de futebol para que estes ficassem aptos a constarem no colégio eleitoral do pleito e, assim, beneficiar a candidatura de Michelle.
Derrotado no pleito, o advogado Eduardo Araújo já prometeu acionar a Justiça para anular a eleição vencida por Michelle Ramalho. O Ministério Público prometeu também entrar no caso e investigar as denúncias.