Adriano Martins (MDB) foi um dos vereadores a votar pela cassação de Berg Lima. Ele alega ter recebido ligações oferecendo secretarias na atual prefeitura, desde que votasse pela manutenção do gestor na prefeitura. O parlamentar disse que um ‘acordão’ tem sido negociado entre o prefeito e alguns vereadores da cidade.
“O resultado já estava previsto. Se criou um esquema para não caçar Berg. Fui autor do pedido de cassação dele por três vezes e na madrugada desta quinta-feira fui procurado por Evandro, que foi meu secretário adjunto de infraestrutura, na época que fazia parte da gestão, a mando de Berg. Falei com Berg via ligação de WhatsApp e ele me garantiu que estava tudo certo, que ele já tinha garantido os votos (para permanência dele no poder). Me convidaram para entrar nesse bloco e recusei”, disse Martins.
O vereador afirmou receber ameaças, inclusive de morte, pela posição contrária à manutenção de Berg Lima na gestão, destacando que o prefeito ainda poderá ser cassado por outros poderes.
“Dizem que vão me perseguir, que vou responder a processos. Estão me ameaçando de morte, de perda de mandato, mas repito: não tem outra razão para votar a favor de Berg que não seja por um acordo. Essa ‘novela’ não acaba aqui. Ainda temos a justiça, que irá julgar Berg. Se esta Casa não fizer aquilo que é obrigação dela, a justiça certamente fará”, disse Martins.
Presidência nega ‘acordão’
Presidente da Câmara de Bayeux, Jefferson Kita (PSB) negou que exista qualquer negociação entre Berg Lima e os vereadores, afirmando que a acusação de Adriano Martins é irresponsável e perigosa.
“O vereador Adriano Martins é polêmico, mas ele tem que ter cuidado com as suas palavras. Ele não pode acusar seus pares de maneira leviana e sem provas. Vou averiguar se essa denúncia for formalizada. Algum vereador que se sentir prejudicado pode protocolar aqui na corregedoria da Câmara um processo por quebra de decoro. Ele não pode estar acusando seus pares, ele sabe que há uma conduta interna a seguir”, disse.
O presidente da Câmara de Bayeux reforçou que não há negociações para impedir a votação de Berg Lima, mas denunciou disputas internas que têm influenciado no calendário e dinâmica daquela Casa.
“O que existe é uma disputa interna na Câmara. O então presidente Doquinha tinha um processo de cassação para colocar no último dia 29 de dezembro, mas não colocou, porque se Berg fosse cassado naquele momento ia ser dado ao povo o direito de escolha do prefeito, com votação direta. Legislando em causa própria, Doquinha adiou para janeiro, já que em 2019, Berg cassado, a eleição é indireta, ou seja, a Câmara escolhe um vereador para assumir a prefeitura”, explicou.
Defesa critica trâmites
O advogado de defesa de Berg Lima, Inácio Queiroz, também negou qualquer negociação entre o prefeito e os vereadores e criticou a dinâmica como foi conduzida a votação da cassação. “É um processo administrativo, mas ele precisa respeitar o devido processo legal. Como vimos aqui, esse processo foi totalmente à revelia da defesa. Veja que não pudemos juntar documentos para prova, todos nossos requerimentos foram indeferidos, o próprio Berg Lima não teve direito à sua defesa, já que não pôde comparecer aqui, mesmo o decreto 201 determinando que ele deve ser intimado e comparecer em todos os atos”.
Berg Lima voltou ao cargo de prefeito de Bayeux no último dia 19 de dezembro, após um ano e cinco meses afastado da posição. Ele foi preso no dia 7 de julho de 2017, acusado de receber propina, em uma ação do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Paraíba (MPPB). Ele foi flagrado, em vídeo, recebendo R$ 3,5 mil de um empresário fornecedor da prefeitura de Bayeux. O pagamento seria para Berg liberar ao empresário o crédito de R$ 77 mil referente a um contrato celebrado na gestão anterior.
Como votaram os vereadores:
Vereador | A Favor da Cassação | Contra a Cassação | Abstenção |
Jefferson Kita (PSB) | x | ||
Noquinha (PSL) | x | ||
Luciene de Fofinho (PSB) | x | ||
Josauro Pereira (PDT) | x | ||
Adriano do Taxi (PSL) | x | ||
Inaldo Andrade (PR) | x | ||
Zé Baixinho (PMN) | x | ||
Roni Alencar (PMN) | x | ||
Cabo Rubem (PSB) | x | ||
Uedson Orelha (PSL) | x | ||
Lico (PSB) | x | ||
Dedeta (PSD) | x | ||
Netinho (psd) | x | ||
França (PTN) | x | ||
Guedes Informática (PTN) | x | ||
Betinho (PTN) | x | ||
Adriano Martins (MDB) | x |
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